Caro leitor,
Se você pertence ao grupo de pessoas que tem por hábito ler poesia como se prosa fosse, existe uma enorme possibilidade de esta obra se configurar mais uma rápida e, mesmo assim, angustiante leitura, porque a poesia exige atenção continuada e permanente reflexão.
O poeta, em seu poder extremo de sintetizar momentos, emoções e, em refletindo a própria reflexão existencial do humano, tenta, em cada verso, transmitir o que cada um dos capítulos de um romance, por exemplo, representa no conjunto de uma obra: uma conexão lógica de um todo coeso e propositadamente seccionado esteticamente.
Entretanto, cada verso encerra, em si mesmo, um todo com princípio, meio e fim. Nesse denso e tenso corpo, minúsculo mas pleno, residem a beleza e a subjetividade lúdica da ilusão poética.
Não raras vezes, somos incitados a nos perguntar se há logicidade numa poesia. Talvez essa inquietação se fundamente no que já fora exposto – no nosso superficial e errôneo trato com o texto poético. Portanto, nunca leia uma poesia sem refletir cada um de seus versos, nunca; nunca leia uma poesia uma única vez, nunca; nunca leia poesia como se prosa fosse, nunca.
Faço a você um convite e uma provocação: aceitaria iniciar a leitura deste opúsculo pela última de suas poesias? Se aceita, então a página 100 o espera, ansiosa e trêmula.
Leia e releia o texto – lembre que é um texto poético! Reflita sobre o que lerá e se pergunte: há lógica ou é apenas um ajuntamento de palavras desconexas, tergiversando minha criticidade?
Decida que posição tomar. Na dúvida, leia, atenta e silenciosamente, a página seguinte ao poema. Nela, há uma percepção da poesia ‘Perquirir’ (a minha percepção) e é o momento oportuno para você decidir se esta leitura será prazerosa ou apenas um arrogante tédio; é o momento, também, de você discordar da minha interpretação, criando a sua percepção do que leu – esta é outra feliz peculiaridade da poesia.
Amando ou ojerizando o meu ‘Perquirir’, leia todos os demais poemas, fazendo, a partir de cada um deles, a sua própria exegese.
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